Raul - Uma perda muito doída

 

EdiSilva

Desde sexta feira eu sei que preciso escrever este post, mas não consegui determinar qual o caminho a seguir e nem o que escreveria.

Em julho passado nós começamos uma campanha para encontrar o Raul. Para conhecer a história do Raul conosco, leia o texto desse link. Depois de dois dias sumido, ele apareceu em casa. Eu fiquei muito emocionado com o aparecimento dele, a ponto de abraçá-lo e ir às lágrimas. O meu meninão tinha voltado.

Enquanto procurávamos por ele, tínhamos dúvidas, esperança e medo.

Tudo isso foi resolvido com o retorno dele.

Agora é diferente: o Raul apresentou um linfonodo muito inchado, sendo necessária uma cirurgia para a retirada. Deveria ser uma cirurgia simples, com fácil recuperação.

Foi feita a cirurgia no dia quatro de fevereiro, por volta das onze horas da manhã, e ele ficou na clínica até o final do dia seguinte. Trouxemos ele para casa e começamos a manutenção do tratamento com anti inflamatórios e outros remédios de rotina. 

Achamos que havia um odor estranho na cirurgia e o levamos para que os veterinários examinassem. Acharam que estava tudo normal e o trouxemos para casa novamente. O odor havia sumido. 

Mas o Raul continuava muito amuado, triste, sem comer e beber. Na quarta, dia 10, saímos de casa às 04:50 da madrugada para levá-lo ao veterinário devido a esse comportamento que ele apresentava. Além do descrito, ele estava quase sem reação, ele que sempre foi muito carinhoso e ativo. O veterinário de plantão o examinou e resolveu deixá-lo internado pelas próximas 24 horas. Enquanto isso, eles fariam outros exames, tais como: exame de sangue, ultrassom e outros.

Mais tarde, no mesmo dia, eles informaram que ele havia comido com dificuldade e que apresentava melhoras, mas pediram que ele ficasse até na sexta feira. Informaram que precisavam colocar uma sonda para alimentação. Concordamos. O perigo dessa operação dera a anestesia, sempre complicada, principalmente na situação dele, que estava fraco.

Na quinta feira minha filha ligou por volta das onze horas para ter notícias e foi informada que ele não tinha resistido.

Nós estávamos na crença de que se tratava de um acompanhamento normal e que ele estaria conosco no dia seguinte. 

Minha filha reagiu muito mal à notícia e chora até hoje (15 de fevereiro). Eu recebi a notícia com muita surpresa, pois em nenhum momento tive dúvidas de que ele se recuperaria. Tive também o choque da notícia, mas não pude reagir conforme meus sentimentos, pois precisava estar ali para amparar minha filha. Assim tês sido os últimos dias.

O Raul era um gato com uma personalidade bem diferente. Era muito carinhoso e muito carente. E era especial para nós, pois além de tudo isso, foi ele que nos escolheu. Ele disse: eu quero ficar com vocês!


Por causa da Futrica, ele não podia ficar dentro de casa e passava o seu tempo na garagem coberta e protegida. Depois da fuga dele, narrada aqui, nós instalamos uma tela de náilon nas aberturas da garagem. Ele aceitou muito bem e nunca tentou sair. Não estava preso contra a vontade dele. Somente uma vez eu abri o portão e ele saiu até uns poucos centímetros e voltou. Como eu disse anteriormente, ele ficou muito traumatizado com o evento que provocou a fuga dele.

Veja aqui: 

Meu gato Raul com traumas de carros e motos


O Raul tinha suas caixas para dormir, aparelhos e brinquedos dos quais ele gostava. Bebia água na torneira (não gostava de usar as vasilhas com água que ficavam à disposição dele). Gostava de deitar em cima dos carros, escolhendo entre o capô, quando o carro acabava de chegar e estava quentinho naquele lugar, e na parte de cima do veículo para ficar olhando a rua e os pombos nas casas em frente.

O Raul chamava a gente não só para pedir comida, mas também para pedir carinho. Eu saia e ficava de cócoras perto dele e ele se deitava, usando meus pés como travesseiros, enquanto eu fazia carinho por trás das orelhas dele e embaixo do pescoço. Ele possuía uma espécie de "botão" na lateral do corpo, pois quando estava deitado, bastava tocar naquele local para ele levantar a perna pedindo carinho na barriga com seus olhinhos sempre tristes e pidões. Eu comparava o Raul com aquele personagem da Hanna Barbera, a hiena Hardy, devido à carinha dele.

Marca registrada da Hanna Barbera
Para quem nunca teve amor a um bichinho de estimação, o que eu digo não faz sentido. O choro e a tristeza pela perda de um animalzinho tão especial parece ser frescura, mas é isso que eu estou sentindo todos esses dias.

Eu fiquei em casa direto, não acessei redes sociais (zap, facebook, twitter e outras). Nada que fosse internet. Fiquei isolado em casa só com a família. Minha família de quatro: a esposa, minha filha, a Futrica e eu.

Todas as vezes que precisei sair à garagem, eu o fiz com muita dor e me lembrando que sempre que eu saía antes, ele me recebia com seus miados especiais, os quais eram inconfundíveis. E parece que o estou vendo em cima dos carros, nas caixinhas dele, sobre o sofá da garagem ou vindo na minha direção com aquele andar lento, até se apoiar em meus pés.

O Raul ficou conosco por quatro anos, mas foi um curto período especial de muita luz e tantas lembranças boas. 

As lágrimas ainda levarão algum tempo para nos abandonar, mas as lembranças ficarão para sempre.

Eu não sou uma pessoa religiosa, mas espero que isso seja somente um até breve.

Tchau, amigo!


Comentários

  1. Sinto muito pela perda, amigo. Os bichinhos não são muito diferentes das pessoas, a gente se apega e quando eles se vão a gente sofre do mesmo jeito. Aqui já perdemos 3 gatinhos, uma delas morreu de morte súbita, ninguém soube explicar. Acontece e não podemos fazer nada. É mais doloroso nesses tempos que estamos atravessando porque ficamos mais sensíveis. Fique bem, esse sofrimento há de passar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fico muito grato pelo seu comentário, querida! Infelizmente, a gente sofre, mas não tem outro jeito a não ser tentar se levantar como puder e seguir a vida. Agora com uma mágoa a mais na bagagem.

      Excluir
  2. Boa tarde, meu caro Edi Silva!
    Sua comoção me comoveu.
    Entendo, perfeitamente, sua dor, porque também já tive animais de estimação (cachorros) e, quando partiram, meu pranto rolou por anos. Lembro-me de que chorava em qualquer lugar. Os vizinhos ficavam apreensivos e queriam saber o motivo de tanto choro e eu dizia que chorava a ausência da Suzy (era o nome dela). Com o Cofap e o Jupi foi, também, um chororô só.
    Ariano Suassuna disse que "os animais são criaturas de Deus". Eu creio nisso.
    Boa recuperação pra você e para sua filha.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Lucinete!
      Felizmente temos as lembranças para nos embalar.

      Excluir

Postar um comentário