Há cerca de três anos, nossa gata, Futrica, então com seis anos, ainda não estava castrada. Quem tem uma gata não castrada em casa deve entender como era nosso drama. Ela entrava no cio e, como não queríamos que ela ficasse prenha, nós a deixávamos dentro de casa.
Ela gritava várias horas por dia e o grito dava a impressão de que ela estava chamava "raul!". E nos aparece na garagem este gato, já adulto, mas jovem, interessado "nos gritos" da Futrica. A associação com o nome foi imediata.
Apareceu uma vez. Outro cio e ele vem novamente e ficou. Acabou o cio e ele na garagem. Saía por várias horas, mas voltava, dormia e passou a comer também.
Descobrimos que a dona dele morava em uma casa quase em frente à nossa. Ela possuía mais dois gatos e outro deles chegou a aparecer também, mas não ficou. Ela continuava dona dele no nome, mas ele havia escolhido um lugar para ficar.
Pouco tempo depois decidimos castrar a Futrica e minha filha conversou com a dona do Raul (o nome dele era Maru) e ela decidiu aproveitar e levá-lo também para castração. Castrado o Raul, ele foi levado para a casa dele ainda dopado e lá ficou até se sentir bem o suficiente para atravessar a rua e aparecer novamente em nossa garagem.
E foi ficando.
A dona dele morava com a mãe e se mudou. O Raul ficou teoricamente com a mãe dela e fisicamente conosco. Comia, bebia e dormia. Todas as noites, por volta das nove horas, ele pulava nosso muro e depois voltava. A razão era óbvia: ele não fazia as sujeirinhas dele em nossa garagem. Só não sei se ele voltava à casa dele para isso ou se tinha outro local. Atualmente ele já urinava, talvez mais para marcar território (eu sei que gatos castrados supostamente não fazem isso, mas o Raul não é como os outros gatos).
O Raul engordou. É um gato enorme. Ele não só engordou, mas ainda cresceu aqui conosco. Apesar do tamanho e do peso, ele consegue pular por cima do muro. Mesmo assim, ele adquiriu o costume de sair pelo portão quando o abrimos para sair com o carro.
Semana passada ele fez novamente isso e atravessou a rua, certamente sentindo algum odor de outros gatos. Veio uma moto e o Raul se assustou e tentou voltar pela rua para nosso lado e não viu o carro que vinha logo atrás. Passou por baixo do carro ou foi atropelado, ninguém sabe dizer direito. Mas não muito, pois, assustado com a situação, desceu a rua em alta velocidade e sumiu na esquina, uns cem metros longe de casa. Gritaria na rua e minha filha saiu logo atrás, mas já sem vê-lo, somente seguindo indicação dos vizinhos. Não encontrou o gato.
Desespero, choro etc. Ficamos aflitos, pois o temos como nosso companheiro em casa. Minha filha procurou na pracinha que fica por trás da casa da dona e seguindo para onde ele havia corrido. ruas próximas e outros lugares e nada.
Dois medos: ele podia ter se assutado e talvez não voltasse e podia estar machucado. Apesar do "poder" da adrenalina, não acreditei que estivesse muito ferido, devido à forma como ele havia fugido. Contundo, sempre fica a incerteza.
Isso foi por volta de uma da tarde e eu estava almoçando, coisa que não terminei e nem tive fome pelo resto da tarde. Eu não tenho saído de casa pela minha condição de hipertenso e, principalmente, por ser transplantado renal e tomar remédios para baixar a imunidade. Pertenço ao grupo de risco.
Minha filha ainda percorreu as ruas mais vezes naquele dia e à noite. Fizemos cartazes e colocamos no comércio e espalhamos para os vizinhos e pela internet. Porém continuamos com as excursões de busca. Naquele dia nada, no dia seguinte mais excursões (eu furei minha quarentena, com máscaras e muito cuidado). Nada. Veio o segundo dia e mais frustrações. Minha filha estava esperando amigos à noite para mais algumas buscas, na esperança de que ele saísse de seu esconderijo para comer. Por volta das oito da noite, a Futrica na garagem, ouvimos um chorinho que, mesmo parecendo ser o dele, a princípio não acreditei por já estar meio desesperançado. Mas fui olhar mesmo assim. Era o Raul. Choro, alegria, festinha no gato e o alívio.
Veja o link da divulgação de busca pelo Raul em meu outro blog
Agora, sempre observamos na hora de abrir o portão. Tem que ter outra pessoa vigiando para que ele não saia junto. Colocamos uma tela de plástico nos vãos do muro etc.
Mas ele chegou tão cansado que não tentou nada. No dia seguinte ficou quase apático. Minha filha o levou ao veterinário e fizeram um raio x, mas, felizmente, estava tudo normal.
Ele voltou na quinta feira, 16, e depois disso estamos mais juntos que antes.
Felizmente ele sabia o caminho de volta e não perdeu a confiança.
Que sorte do Raul, hein? Minha filha tem um gato, o Aoba, que embora castrado não perde a oportunidade de marcar um território. O Raul não é o único.
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